Episódio 15: O protótipo da TLMoto

“Há mais do que vrum vrum nas motas. Há muito essa coisa de dizer que motas elétricas ou carros elétricos não têm muita piada. Aconselho essas pessoas a experimentarem conduzir uma mota ou um carro elétrico. Vão mudar a sua opinião sobre mobilidade elétrica. Aquilo que se consegue neste momento fazer com carro e moto elétrica é capaz de dar mais prazer às pessoas do que um carro a combustão. A mobilidade elétrica permite-nos expandir ainda mais os horizontes das coisas”. A explicação é de Diogo Vicente, líder da equipa TLMoto entre 2019 e 2020, atualmente a terminar o curso de Engenharia Mecânica. O discurso serve-nos também para apresentar o protótipo TLM03e, a segunda mota elétrica (e terceiro protótipo) desenvolvida por este projeto de estudantes do Instituto Superior Técnico e que é descrita como “o culminar de 6 anos de projeto e de várias experiências que esta equipa tem vindo a acumular”. Gonçalo Jacob, atual líder da equipa e estudante de Engenharia Aeroespacial, confirma a ideia: “Não é a primeira mota elétrica, mas é a primeira mota elétrica fiável e que anda com uma certa capacidade para nos sentirmos confiantes. Conseguimos atingir um patamar de ter uma mota capaz e a partir de agora é só introduzir melhorias”, explica. “É um protótipo que tem mais potência, mais autonomia e tem o mesmo peso [das versões anteriores]. Atinge o 42 kw de pico, potência correspondente a cerca de 50 cavalos, e uma velocidade de cerca de 180 km/h. A principal diferença para as motas de combustão, que continuam a conseguir velocidades mais altas, é a aceleração: um motor elétrico tem muito mais força. A força de um motor elétrico vem logo desde início e depois começa a diminuir”, complementa. A mota tem por base os chassis das duas primeiras versões mas “tem muitos mais detalhes que permite ser uma mota mais rápida de trabalhar, como a inclusão de novos hardwares na mota, como telemetria, que nos vai permitir saber o que se está a passar com o piloto em pista”, explica Diogo Vicente.

A mota, que será o trunfo da equipa na competição internacional MotoStudent na categoria de veículos elétricos, foi construída quase na íntegra pelos estudantes do Técnico. “É quase tudo feito por nós. O projeto é mesmo nós aprendermos e sermos nós a desenvolver e a construir”, explica Gonçalo Jacob. As exceções: As obrigações da organização da competição, como pneus, travões e motor, outras que não justificam o esforço de construção, como rodas e as suspensões.
O TLMoto, fundado em 2012, foi o primeiro projeto de estudantes em Portugal a desenvolver uma mota elétrica, mas também o primeiro a criar uma mota a combustão (o primeiro protótipo do projeto), que se estreou na MotoStudent de 2014. A partir do ano seguinte, o projeto abraçou o desafio da mobilidade elétrica e integrou essa categoria. “A primeira mota elétrica deu-nos dores de cabeça com a parte electrónica, que era a parte nova do projeto, impossibilitando-nos de fazer a derradeira corrida em Espanha em 2018. No entanto, estivemos presentes e ficámos bem classificados na apresentação do nosso projeto de Engenharia”, recorda Diogo Vicente.

Quanto à mota movida a combustão – a TLM01i – que competiu durante 3 anos, está neste momento literalmente espalhada pela oficina do projeto. “Temos ali as carenagens, aqui o braço oscilante e o quadro. Ali debaixo daquele armário está o motor. Naquele carrinho estão a maior parte das peças que faltam. Está um pouco desmontada. Este ano decidimos focar-nos apenas na mota elétrica. A mota a combustão não é uma prioridade”, mostra-nos Gonçalo numa visita guiada pelo espaço. Nesses anos de competição aprenderam que “de prova para prova se deve desmontar a mota toda para verificar se há algum problema com o quadro, com o braço oscilante, essas coisas todas, fazer uma limpeza a fundo na mota para garantir que no próximo fim-de-semana de corridas ela está impecável”, explica.
Para o futuro deste projeto, que conta já com o envolvimento de cerca de 60 estudantes do Técnico, Gonçalo Jacob aponta como objetivo principal um bom desempenho em competição da TLM03e. “Termos uma mota capaz e fiável e fazer o maior número de testes possível para ajudar a desenvolver a TLM04”, defende. E aponta um objetivo ainda mais importante: “Ter uma equipa capaz e unida para que seja ela a definir os objetivos e a trabalhar para eles. É a equipa junta que tem que definir o rumo”, complementa.

  • Agradecimentos:
    Diogo Vicente
    Gonçalo Jacob
    TLMoto

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