Episódio 2: O Carro Sustentável do PSEM

A história do primeiro veículo construído pelo PSEM (Projeto de Sustentabilidade Energética Móvel do Técnico) é tão acidentada quanto inspiradora. Começa em 2013 e inclui um ano de construção do primeiro veículo elétrico do projeto – o GP14 – para que pudesse participar numa competição internacional. Já em Goodwood (Inglaterra), pronto para competir, uma noite de extrema humidade foi suficiente para bloquear o dispositivo eletrónico do veículo. Resultado: o carro ligava mas recusava-se a andar na estreia do PSEM em finais internacionais. Entra então o G14 na história do Técnico pelos piores motivos? Pelo contrário, responde Vítor Teixeira, coordenador do projeto: “Foi o começo de uma grande equipa e de uma grande história. E foi o ponto que nos levou a chegar até aqui. A partir daquela primeira corrida, nós aprendemos imenso”.
Nos anos seguintes, o PSEM acumulou uma série de prémios de Engenharia e de bons resultados nas corridas: Vencedores do Siemens Engineering and Design Award em 2015, 2016 e do Siemens Digital Award em 2017, 2018 e 2019; 6.º lugar na corrida internacional de 2017 e 2.º lugar em 2019.

Mas de que carros e de que corridas estamos afinal a falar? Com um design inspirado numa gota de água, para garantir uma melhor performance aerodinâmica, o GP14 foi o primeiro dos veículos elétricos sustentáveis construídos pelo PSEM, uma equipa composta maioritariamente por alunos de Engenharia Mecânica, Aeroespacial e Eletrotécnica do Instituto Superior Técnico. Seguiram-se os modelos GP16, GP17, GP19 e o GP21, que está em processo de conclusão. Todos foram concebidos com o mesmo objetivo: garantir a maior eficiência possível, no fundo aquele que é o grande desafio da indústria automóvel. “Maximizar o alcance do veículo com o mínimo possível, com a maior eficiência aerodinâmica e o mínimo de peso possível”, explica Vítor Teixeira, aluno de Engenharia Aeroespacial. As provas duram 60 minutos e o objetivo é fazer o maior número de quilómetros possível durante esse período. A velocidade máxima dos veículos ronda os 70 km/h, dependendo do peso, mantendo uma velocidade média de 55 ou 60 km/h ao longo de uma prova.
Está assim encontrada a grande missão do PSEM: projetar e construir veículos elétricos altamente eficientes para competir na Greenpower IET Formula 24. Como é que o faz? Aplicando o conhecimento fornecido pelo Técnico e as tecnologias mais recentes para a resolução de vários problemas. Há também um objetivo extra: atingir o melhor resultado possível em todas as corridas.

E a história do melhor resultado alcançado até ao momento, em 2019, também não está isenta de grandes emoções, já ao volante do GP19, na final internacional realizada em East Fortune (Escócia). Depois de, nos treinos, terem surgido problemas com as baterias que não conseguiram perceber, ocuparam o último lugar da grelha de partida da corrida. Mas, no final da primeira volta, o GP19 já tinha ultrapassado todos os outros concorrentes e ocupava a primeira posição. Vitória à vista? Duas voltas depois, o problema voltou, o motor perdeu potência e o regresso às boxes foi inevitável. Foram 15 longos minutos para trocar o cabo de potência principal. E o que aconteceu a seguir? “Partimos para a pista em último e ultrapassámos quase toda a gente. Ficámos em segundo lugar”.

O GP14 foi o primeiro carro elétrico sustentável elétrico construído pelo Projeto de Sustentabilidade Energética Móvel. Foi o veículo que, em 2014, se recusou a correr numa final internacional e, dessa forma, ensinou aos alunos do Técnico uma grande lição de superação. Nascia a capacidade de uma equipa resolver problemas e aprender com eles. A história do carro sustentável do PSEM no 110.º aniversário do Instituto Superior Técnico.

(Na foto, uma versão evoluída do protótipo G14 – O GP14EVO – que, em 2015, terminou a corrida da final internacional na 14.ª posição, entre 40 participantes)

 

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