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Episódio 100: O oscilógrafo ótico

sexta, junho 30th, 2023

Como se comporta um coração? No início do século XX a medicina já tinha respostas a esta questão muito para além da poesia, mas essas respostas ainda tinham dificuldade em expressar-se visualmente. A possibilidade de registo dos movimentos do coração a duas dimensões numa folha começava a florescer: surgiam os primeiros eletrocardiógrafos. A inspiração para o aperfeiçoamento dessa aplicação foi recolhida na tecnologia desenvolvida na área da telegrafia e da eletrotecnia, mais precisamente num aparelho chamado oscilógrafo.

Nas palavras de Carlos Ferreira Fernandes, diretor executivo do Museu Faraday e antigo professor do Instituto Superior Técnico, trata-se de “um aparelho que permite realizar a observação de sinais rápidos síncronos com a rede elétrica”. Os primeiros aparelhos foram desenvolvidos para a área da medicina – “a base está e quase se poderia dizer que (hoje) as coisas se mantêm da mesma forma” -, tendo conhecido depois grandes avanços na área da telegrafia. Um testemunho deles encontra-se atualmente no Museu Faraday, no campus Alameda do Instituto Superior Técnico: um oscilógrafo com três fechos óticos, datado de 1925 e fabricado pela Siemens.

O oscilógrafo ótico do Técnico “foi utilizado nas aulas até ao fim dos anos 60, pelo professor Carlos Ferrer Moncada muito conhecido aqui no Técnico. Acabámos por recuperá-lo aqui para o Museu”, descreve Albano Inácio dos Santos, também formado em Engenharia Eletrotécnica no Técnico e colaborador do Museu Faraday.

Este objeto, “visualmente muito apelativo”, é incapaz de disfarçar a sua antiguidade enquanto mostra aos visitantes do Museu “o que está a acontecer ali e como surge a imagem”. E é mais ou menos assim, segundo Albano Inácio dos Santos: “A origem começa numa fonte de luz, portanto uma lâmpada elétrica que produz uma fonte de luz, passa por um orifício ou uma lente e transforma-se num feixe fino de luz. Esse feixe vai dirigido a um espelho móvel que é nada mais nada menos do que um galvanómetro, que se move e reflete a imagem para um espelho que está a rodar. O Galvanómetro faz as rotações verticais e o espelho ao rodar produz uma continuidade da imagem num espaço horizontal. Podemos assim ver o sinal a duas dimensões de uma grandeza elétrica que passou pelo objeto”.

Ao contrário dos modelos mais recentes (também há um no Faraday) em que o aparelho já está contido numa caixa, esta versão tem as suas peças todas visíveis, o que permite visualizar como é que as coisas realmente aconteciam e funcionavam. Talvez seja esse o segredo que torna o oscilógrafo ótico num dos aparelhos mais visitados do Museu Faraday, a par do telefone do século XIX (Ouvir Episódio 5).  

A longa jornada de um objeto que começou por estar ligado, há mais de um século, a uma área como medicina poderá seguir novos caminhos de utilidade. “Neste momento está a ser utilizado no Museu Faraday com uma aplicação que permite aos alunos de Eletrotecnia perceber funções básicas da Eletrotecnia usando um dispositivo básico das células solares e que abre um domínio do aproveitamento da energia solar”, aponta Carlos Ferreira Fernandes. “Isto é um poço sem fundo. Eu duvido que as pessoas curiosas que começaram a trabalhar nestes alguma vez tivessem a perceção da importância do filão que aqui estava e que não para de nos surpreender”.

 

Episódio 99: O Diferencial

sexta, junho 23rd, 2023

A circular de mão em mão desde 1987, o Diferencial – “jornal dos estudantes do Instituto Superior Técnico” tem-se adaptado ao passar do tempo e a vários formatos, sempre mantendo o foco em dar voz às “maiores discussões da atualidade, tanto ao nível da universidade, como do país e do mundo” (como se pode ler no Estatuto Editorial). Hoje, é também fonte de possibilidades de encontro muito para além das palavras e dos textos nas versões impressa e online. Os membros desta secção autónoma da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) conduzem debates, organizam clubes e concursos de poesia, sessões de cinema, divulgam agendas culturais, publicam podcasts e playlists temáticas… tudo para “fomentar [nos estudantes] um sentido crítico direcionado aos outros campos e problemas da vida como a política, a filosofia, a cultura e a humanidade em geral”.
O caminho deste projeto começou a traçar-se há mais de 40 anos, em 1987, num Macintosh recém-chegado à AEIST e que era utilizado por um especialista: Gerardo Lisboa, antigo estudante de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores que assumiu os primeiros três primeiros números do (na altura) boletim Diferencial. “Eu era a redação”, brinca. Nessa altura, a publicação surgira para dar resposta à necessidade da AEIST comunicar com os estudantes para além do passa-palavra. “Era quase só pôr por escrito aquilo que a direção estava a fazer. Não tinha realmente grande conteúdo noticioso, era informativo”, descreve. Foi também uma espécie de continuidade da Revista Binómio, que havia sido criada nos finais dos anos 50. “Era uma revista que dava muito trabalho e levava seis meses a ser feita, o que era incompatível com a necessidade da AE comunicar rapidamente qualquer coisa”, explica Gerardo Lisboa.

“Surgiu a ideia de lhe chamar Diferencial, que era a matéria que estava a ter na altura em Análise de Matemática”, recorda. O primeiro tema abordado nas páginas da nova publicação foi “uma confusão que havia com exames e o registo de exames e havia que avisar muita gente, muito depressa”. Resultado: texto, design, impressão e três mil exemplares a circular entre estudantes. Quatro páginas A5 por dobrar. “Deixámos aquilo nas mesas e se o pessoal quisesse depois dobrava em casa. Assim foi feito”. Depois dos três boletins da autoria de Gerardo Lisboa, seguiram-se mais quatro feitos pelos responsáveis da secção desportiva.

Mais tarde, em 1991, chegava a grande transformação do Diferencial, operado por Miguel Lobo, na altura a frequentar o segundo ano do mesmo curso e que propôs transformar o boletim num jornal. “Queria fazer uma equipa e transformar aquilo em algo que as pessoas pudessem ler frequentemente. E a direção achou bem. Deu o espaço e ajudou com os computadores”, recorda Gerardo Lisboa. “Não sabiam na altura que o ímpeto era de desafio. Ir buscar as notícias e informações mesmo que fossem incómodas para a direção. Mas não houve qualquer tentativa de interferência, se bem que às vezes pediam (e bem) um direito de resposta”, complementa. E assim caminhava o Diferencial para um formato e uma filosofia próxima das que temos hoje.
“Continuamos a ter edições impressas, mas ao contrário do que acontecia até há cinco ou seis anos, o nosso foco atualmente (e aquilo nos traz mais audiência) consiste em publicarmos os nossos trabalhos primeiro online, no nosso site”. Estamos já em 2023, com mais de 130 edições publicadas, e fala João Carranca, estudante de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no Técnico e atual diretor do jornal Diferencial. Só depois da edição online, surge a impressa, pensada para “chegar a públicos diferentes”.
O projeto conta atualmente com 35 membros ativos e mantém o foco em questões relacionadas com a Escola. “Para além disso, publicamos uma diversidade bastante grande de géneros, desde poemas, textos mais de foco literário, contos, reviews de jogos, também publicações sobre eventos culturais de Lisboa e do resto do país”, explica. A digitalização do Diferencial tem sido também uma espécie de receita para o presente e futuro. “Temos feito um esforço para ir ao encontro das exigências da audiência. E temos vindo a crescer em termos de visualizações, de números e também em termos de colaboradores. Diria que o jornal tem de facto futuro”, sublinha João Carranca.

 

Episódio 98: O permutador de calor

sexta, junho 16th, 2023

No átrio principal da Torre Sul, campus Alameda, faz-se notar um imponente instrumento científico cilíndrico, com cerca de duas toneladas de peso e com dois metros e meio por um metro de diâmetro. Trata-se de um permutador de calor ou, mais concretamente, de metade desse objeto, que foi cortado ao meio e está exposto com partes abertas para assim dar acesso visual aos seus pormenores técnicos.
“É um cilindro, com tubinhos lá dentro”, simplifica Sebastião Alves, professor associado de Engenharia Química no Instituto Superior Técnico. Mas também avança com uma descrição mais completa: “É um feixe de tubos. E os tubos estão num invólucro que é um cilindro grande – a caixa. E entre a caixa e os tubos passa o fluido (que pode ser um gás, pode ser vapor, pode ser um líquido quente ou frio). Serve para aquecer o fluido que está a passar dentro dos tubos. É isto o permutador de calor”. Esta peça de enormes dimensões, com uma cabeça flutuante e 224 tubos, está no Técnico com objetivos “pura e simplesmente pedagógicos”. Todos os anos, mais de uma centena de estudantes de Engenharia Química da Escola analisam atentamente os pormenores do permutador de calor.

É que, apesar de as suas primeiras versões terem sido desenhadas há cerca de um século, ainda se trata de um equipamento com forte presença em indústrias químicas, como refinarias, por exemplo. E como funcionam? Damos como exemplo a produção de um corante, a anilina. “Vamos usar benzeno para fazer uma reação com ácido nítrico. Vamos precisar de ter dois tanques para armazenar os reagentes e vamos bombeá-los para uma coisa chamada reator, que é onde se faz a reação e depois da primeira reação ainda vai ter uma segunda e temos de separar os produtos, um dos quais será a anilina. E para isso há muitas peças de equipamento possíveis. Às vezes usam-se colunas de destilação, que podem ter 40 metros de altura e até luzinhas para os aviões, dez metros de diâmetro, etc. E depois acaba nos tanques dos produtos”, detalha Sebastião Alves. Neste processo, o reator pode estar a uma alta temperatura e pode ser necessário aquecer ou arrefecer as correntes de líquido ou de gases (reagentes). É aí que entra o permutador de calor.

A metade deste permutador do Técnico também conheceu muitas variações de temperatura na história que o trouxe até à Torre Sul. Começa em Inglaterra, na Universidade de Bradford, já no início deste século. A peça estava exibida à entrada do Departamento de Engenharia Química dessa universidade até uma decisão política local decidir fechar o mesmo Departamento. Entra na história Jorge de Carvalho, professor aposentado do Técnico que havia feito o seu doutoramento nessa mesma Universidade. “Ele foi a um congresso onde encontrou o seu antigo orientador e presidente desse Departamento muito chateado porque o estavam a fechar”, conta Sebastião Alves. Depois de um inquérito feito nas Universidades inglesas a perguntar quem queria os equipamentos de Bradford, apenas houve uma manifestação de interesse: A Universidade de Leeds. “Leeds e Bradford são duas cidades próximas e são rivais e os Departamentos também são rivais. Eles não queriam dar o permutador a Leeds e perguntaram ao Jorge Carvalho [que já tinha mostrado interesse nas colunas de extração de líquido] se ele o queria por uma libra”, recorda. O antigo professor do Técnico avançou para a missão de resgate desta peça pedagógica, mas o barato nem sempre é como que parece: “Ele diz que desembolsou cerca de 600 contos, na altura, hoje seriam 15.000 a 20.000 euros do bolso dele, para ir lá buscar esta metade do permutador”.

Episódio 97: A experiência de rotação de Faraday

sexta, junho 9th, 2023

O Museu Faraday, instalado no campus Alameda do Instituto Superior Técnico desde 2015, é um testemunho do engenho, da história da ciência, mas sobretudo de como a curiosidade experimental da humanidade pode ter consequências imprevisíveis no futuro. A história da experiência de rotação de Faraday começa nos finais do século XIX, com um homem a fazer experiências no seu laboratório e a descobrir a primeira demonstração da interação de um campo magnético com a luz, designada como rotação de Faraday ou efeito de Faraday. Era o primeiro feixe de luz a iluminar um caminho que, quase um século depois, permitiria a milhões de pessoas ouvirem música ou verem filmes com leitores de CD e de DVD, por exemplo.
Recuamos aos tempos de Michael Faraday, com um enquadramento feito por Carlos Ferreira Fernandes, professor aposentado do Instituto Superior Técnico e atual diretor executivo do Museu Faraday: “Faraday trabalhou no fabrico de novos vidros muito densos e estudou as propriedades óticas desses mesmos vidros. No fundo, o resultado desta experiência, que nós executamos no museu Faraday, deriva do facto de ele ter sido um curioso e um curioso muito especial, com formação, um curioso que gostava de tocar nas coisas. E assim ligou os seus interesses na altura”. O interesse do cientista pelos campos magnéticos e pelas propriedades magnéticas e óticas dos materiais conduziu-o à experiência da rotação com o seu nome. “Ele foi a pessoa que descobriu a ligação entre um campo magnético e a luz. E é o primeiro que estabelece essa ligação porque a observa e como era curioso gostava de fundamentar aquilo que observava”, complementa.

Essas experiências, realizadas com um eletromagneto gigante no seu laboratório em Londres, abriam portas que nem o próprio podia imaginar exploradas já no século XX no domínio das micro-ondas e dos leitores óticos dos CDs e dos DVDs. “Claro que ele estava longe de sonhar com isso, mas foi o precursor de todos esses acontecimentos por aquilo que fez mexer. Nisso ele foi brilhante”, defende Carlos Ferreira Fernandes. É também por isso que os professores do Técnico o escolheram para dar nome ao Museu.
Esta experiência foi também muito usada, nos anos 80, por este antigo professor do Técnico, na disciplina de “Propriedades Eletromagnéticas dos Materiais”. A ideia era “fazer os alunos verem qualquer coisa e assim assimilar melhor a matéria”, recorda. A recriação da experiência permanece hoje uma possibilidade na coleção do Museu Faraday.
“Esse eletromagneto foi depois replicado por um fabricante francês, Eugène Adrien Ducretet, que é quem construiu a unidade que nós temos aqui no Museu Faraday. O que temos no Técnico é um Ducretet mais recente do que aqueles que apresentou na Exposição Universal de Paris (em 1878)”, explica Moisés Piedade, diretor honorário do Museu e professor aposentado do Técnico. A data de construção do objeto é apontada para o período entre 1900 e 1920, mas sem certezas. O raciocínio: “Fez vários instrumentos científicos magníficos e terminou a fazer rádios magníficos, por volta de 1920. são os rádios mais icónicos que atualmente existem”. A partir da altura em que a rádio começou-se a desenvolver a empresa chamou-se Ducretet Thompson. Até lá, apostava na criação de elementos pedagógicos e científicos. “Este instrumento deve estar na zona de clivagem em que Ducretet passou dos instrumentos científicos para os rádios. Estimo que entre 1900 e 1920 tenha surgido este objeto, que é bastante mais evoluído do que os que foram apresentados em 1878”, aposta Moisés Piedade.
No escuro deixaremos também a descrição da forma como o objeto veio parar ao Técnico. “Temos aqui alguns objetos que vieram do Instituto Industrial de Lisboa e eu não tenho a certeza se este já foi comprado por volta de 1911. Provavelmente poderá ser mais velho que o próprio Técnico, como muitos no Museu Faraday”, complementa.

Episódio 96: O 1.º aeromodelo do Técnico

sexta, junho 2nd, 2023

O sonho começou a ser desenhado em 2003: da iniciativa e empenho de estudantes do Instituto Superior Técnico nascia uma competição que, apesar de ter sido “um fracasso” na primeira edição, estava condenada ao sucesso. O Air Cargo Challenge reuniu, nesse ano, na base militar da Ota, três equipas nacionais sem que nenhuma delas tenha conseguido pôr o seu modelo a voar. Mas ninguém desistiu e o evento ganhou dimensão internacional, reunindo dezenas de equipas de estudantes de todo o mundo a apresentar os aeromodelos construídos com a missão de levantar voo com o máximo de carga.
O primeiro aeromodelo com o selo Técnico surgiria logo em 2005, na segunda edição do concurso, também com três equipas. Do tamanho de uma pessoa, branco com duas listas vermelha e verde e cheio de logotipos, o seu voo foi a confirmação definitiva de que a competição viera para ficar. Talvez por isso ainda esteja orgulhosamente exposto na cave que serve de abrigo às atividades do Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico (AeroTéc), na cave do Pavilhão de Mecânica III, no campus Alameda.

Esta é uma história sobretudo de persistência, como recorda João Pedro Loureiro, antigo estudante de Engenharia Aerospacial, co-fundador da Eptune Engerineering e o fundador do Air Cargo Challenge: “No primeiro evento conseguimos um orçamento pequeno, mas lá conseguimos organizar isso… Efetivou-se a primeira competição que basicamente foi um fracasso. Todas as equipas apareceram com aviões que não voavam”. “Fomos todos ao local, levámos as nossas carcaças voadoras e foi a oportunidade de todos se conhecerem uns aos outros e criar esse espírito dos competidores. Decidiu-se que de dois em dois anos íamos organizar a competição para não ser muito pesado para os organizadores. No segundo evento, o Técnico organizou de novo, o evento já apareceu na TV, deu um salto grande. E à terceira edição o sonho de o transformar num evento europeu tornou-se realidade. Na quarta ou quinta edição já tínhamos equipas chinesas a vir à Europa competir, o que me orgulha muito”, complementa.
Nessa segunda edição de 2005 os estudantes do Técnico organizavam e competiam, apresentando o 1.º aeromodelo. Entre eles estava Duarte Albuquerque, antigo aluno de Engenharia Aeroespacial no Técnico e atual professor e investigador. “Não tínhamos muita informação e era necessário adaptar-nos e cruzar as várias disciplinas que aprendemos no curso. Trabalhar em equipa de uma forma organizada”, recorda. Não falamos apenas de recriar um avião de aeromodelismo, mas a missão incluía desafios científicos. “Íamos descobrindo peças que poderíamos utilizar para a nossa aeronave. Algumas deixadas da edição anterior, outras feitas por nós. Sempre que ia à loja (procurar peças) descobríamos uma nova técnica”, descreve

Com tantas tentativas, erros e finalmente voos, a iniciativa deu asas para que grupo que hoje envolve dezenas de estudantes pudesse crescer e estabelecer-se como um dos mais ativos do Técnico. Herdeiro da APAE – Associação Portuguesa para a Aeronáutica e Espaço (fundada em 1996), o AeroTéc tem hoje uma diversidade de projetos, desde a construção de rockets ou a organização da Semana Aeroespacial, até à construção de turbinas e de aeromodelos capazes de detetar incêndios. “Somos um núcleo muito polivalente, se alguém tem uma ideia de alguma coisa que quer desenvolver, nós somos um sítio que acolhe essas ideias”, explica Afonso Vale, estudante do Técnico e vice-presidente do AeroTéc. O estudante aponta como grande desafio para o futuro desta área a melhoria de aeronaves autónomas. “Trabalharmos na capacidade de tomar decisões autónomas, baseadas em câmaras, serem capazes de se desviar de obstáculos”, aprofunda. Entretanto, para encontrar este grupo de estudantes o mais seguro é procurá-los em pistas de aeromodelismo dos vários aeroclubes. Mas não só: “Basicamente em qualquer sítio onde nos deixem voar”.

Episódio 95: A balança de Faraday

sexta, maio 26th, 2023


Chama-se balança de Faraday mas o nome pode ser enganador. Ao contrário das pequenas balanças domésticas, este equipamento pode ocupar cerca de 15 metros quadrados de laboratório. Trata-se do primeiro equipamento de estudo do magnetismo adquirido para a investigação em Portugal, por volta de 1987, para dar forma aos trabalhos desenvolvidos no atual Campus Tecnológico e Nuclear (CTN) do Instituto Superior Técnico, situado em Loures (antigo INETI e ITN).
“A revolução que houve nos magnetos dos motores foi iniciada seguramente há 30 anos”, enquadra Manuel José Almeida, investigador jubilado cuja carreira de investigação foi feita no Técnico, nas áreas da Engenharia Química e de Materiais. Refere-se a uma das muitas evoluções tecnológicas que a tecnologia ajudou a alcançar: “praticamente quase tudo que tenha comportamento elétrico ou magnético”, como os motores elétricos atualmente utilizados em veículos, cada vez mais pequenos e fiáveis. Até que os materiais que os compõem pudessem ser utilizados foi necessário testá-los em laboratório. E foi aí que a balança de Faraday assumiu um papel crucial. “Quando estamos a desenvolver um material supercondutor (um tipo de materiais capazes conduzir corrente elétrica sem ou com pouca resistência e perdas) é muito importante ter este tipo de ferramenta ao lado para saber se o material que fizemos se tem propriedades melhores ou piores”, explica Manuel José Almeida.
A balança é um equipamento de caraterização magnética dos materiais ou, por outras palavras, um sistema que mede a variação de peso ou “a força com que um material é atraído ou repelido por um campo magnético”. “Cada objeto tem o peso, a força da gravidade, mas se tiver um campo magnético ao lado ou se estiver imerso num campo magnético, pode ser atraído pelo campo e o seu peso aparente aumenta ou diminui. É essa pequena diferença de peso que é medida, numa balança muito sensível”, explica.
Esta sensibilidade exige muita atenção e cuidados: uma mesa à prova de vibrações (o próprio laboratório não pode estar perto de uma estrada movimentada ou de uma linha de comboio) e o controlo de temperatura (à medida que são arrefecidos ou aquecidos, a suscetibilidade pode aumentar ou diminuir), por exemplo.

Este equipamento, que envolve a existência de um campo magnético gerado por supercondutores arrefecidos com hélio líquido, chegou ao CTN quando se começou desenvolver um grupo dedicado ao estudo de materiais. “Entre as ferramentas que era preciso para a caraterização de materiais, do ponto de vista magnético, foi escolhido o método de Faraday, a tal balança de Faraday”, recorda Manuel José Almeida. A dimensão da estrutura que dá suporte e complementa a balança – pés anti-vibratórios, amostra de material medida a cerca de um metro de distância onde é gerado o campo magnético – impõe a ocupação de muito espaço, mas também tinha um impacto significativo em altura. “Para aceder à parte de cima da balança, eu tinha que subir a um banquinho para ir lá”, recorda.

 

Episódio 94: O impressor telegráfico Hermann

sexta, maio 12th, 2023

Numa fita de papel fino surgem impressos pontos e traços, entre os intervalos que os separam. É umas primeiras expressões visuais da comunicação entre dois pontos distantes quase em tempo real. Hoje, a comunicação em tempo real é uma realidade quase banal, mas nos finais do século XIX esta visão era absolutamente inspiradora. O impressor telegráfico surgia como um aparelho capaz de registar mecanicamente de forma escrita as mensagens recebidas por código morse e deixaria mais ligadas as pessoas do planeta.
Em Portugal, o fenómeno não foi ignorado, tendo-se determinado em 1864, pela Direção Geral dos Telégrafos do reino, o desenvolvimento de um impressor telegráfico, para ser instalado em postos de correios um pouco por todo o país. Nasceria assim o impressor telegráfico Hermann, quase todo desenvolvido em Portugal, com exceção de algumas peças de relojoaria trazidas de França.
Maximiliano Augusto Herrmann (1838-1913), português de origem alemã, era um especialista na área dos telégrafos e assumiu essa missão: construiu uma fábrica para produzir esses telégrafos e recheou as várias estações dos Correios com o aparelho. Um desses exemplares está hoje no Museu Faraday, no campus Alameda do Instituto Superior Técnico, e a funcionar em pleno.
O aparecimento do impressor foi “muito importante porque deixava de ser preciso ter pessoas a descodificar as mensagens: recebe a mensagem e põe numa fita em papel”, descreve Moisés Piedade, responsável pelo Museu Faraday e professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do Técnico.

O impressor telegráfico Hermann – o termo “impressoras” só surge na era dos computadores – imprimia códigos morse numa fita de papel muito estreita, com um mecanismo assim descrito por Moisés Piedade: “Imprime usando tinta da China e através de um mecanismo de relojoaria que faz atravessar o papel e tem um solenóide que acordo com os impulsos de traço ou ponto vai encostando papel a uma caneta de tinta”. Um processo de comunicação eficaz mas que também convencia pela sua estética: “Este impressor é visualmente um aparelho bonito”, avança Albano Inácio dos Santos, engenheiro eletrotécnico e colaborador do Museu Faraday. “Tem uma grande roda onde é armazenada a fita para imprimir o texto e é interessante porque é uma coisa mecânica que descodificava sinais já no século XIX. Na altura ainda não havia transmissão de voz, só era possível transmitir sinais elétricos que podiam ser descodificados em pontos, em traços e intervalos entres as duas coisas. E esses pontos e traços constituiriam a transmissão das palavras que se queriam enviar para outro lado”, descreve. Até então, as mensagens “podiam ser descodificadas acusticamente. A pessoa ouvia e descodificava. O que era normal era escrever num papel (uma pessoa que seja rápida a escrever em papel) a partir do som escrever a mensagem no papel”, complementa Moisés Piedade.

O exemplar do Museu Faraday não só está exposto à entrada como está em perfeito funcionamento. “Foi descoberto aqui numa sala e pusemo-lo a trabalhar. Não foi muito difícil. Estava bem conservado, não tinha oxidações, não estava preso como costumamos dizer em termos de mecanismo, estava tudo a funcionar, foi quase uma limpeza, foi preciso arranjar o tinteiro e a respetiva caneta que esses sim estavam sujos e não funcionavam”, descreve Albano Inácio dos Santos. A única dificuldade foi encontrar um rolo de fita de papel tão fina. “O que fiz foi comprar um rolo grande e parti-lo em fatias pequeninas. Nos Museus, ou se tem paciência ou não há museus”, explica Moisés Piedade. E assim ficou o impressor a funcionar, como é filosofia do Faraday: “As coisas que estão aqui têm de passar pelo processo de pôr a trabalhar, senão não é Museu, é uma prateleira”.

Episódio 93: As zincogravuras

sexta, maio 5th, 2023

É o Técnico que nunca chegou a acontecer. Mas ficou registado num conjunto de gravuras plasmadas em zinco, que testemunham os detalhes do projeto de edifício desenhado, no início do século XX, pelo Arquiteto Miguel Ventura Terra (1866-1919). A publicação, em 1916, de oito gravuras foi a expressão do primeiro projeto criado a partir do desafio lançado por Alfredo Bensaúde, o primeiro diretor do Técnico: criar um novo espaço para a Escola que valorizasse o ensino e a prática da engenharia. “Era um projeto muito importante que afirmava esse lado progressista da sociedade portuguesa”, explica Ana Tostões, professora no Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura do Técnico.

As zincogravuras do Técnico podem ser encontradas no Museu de Civil, no campus Alameda – “riquíssimo em termos de história da construção e da arquitetura de Portugal e da Europa”. Surgiram para ser usadas em tipografia, para impressão em periódicos, e hoje estão expostas em destaque num armário envidraçado do Museu. Cinco delas foram pensadas para formatos maiores (30 centímetros de altura por 80 de largura) e três peças para formatos mais pequenos (20 centímetros de altura por 30 de largura). “Representam os cortes transversais e os alçados transversais, no fundo é a largura do edifício e os maiores são o grande comprimento do edifício”, detalha Ana Tostões. O edifício foi projetado para ser construído num espaço próximo do edifício onde hoje funciona a Assembleia da República, em Lisboa. Quando a encomenda do projeto foi feita por Alfredo Bensaúde a Ventura Terra, a “educação era um dos grandes cavalos de batalhas dos republicanos”, argumenta Ana Isabel Ribeiro, historiadora e investigadora da Câmara Municipal de Lisboa. “E estamos a falar de dois protagonistas que não deixam margem para dúvidas [a esse nível]”, complementa.

O projeto estava bem encaminhado, incluindo a consumação de um pedido de empréstimo para a sua construção, mas acabou por nunca sair do papel (e das zincogravuras), por força de uma sequência de acontecimentos mal sucedidos: o terreno tinha alguns problemas, sobretudo um posto de desinfestação que se revelou impossível de desmantelar, o que gerou uma espera prolongada e reuniões para procura de outro terreno, culminando com a morte prematura aos 52 anos do autor do projeto, em 1919.
“Foi o único equipamento de Ensino Superior que ele acabou por projetar. Em Lisboa já tinha feito três importantes liceus, que revolucionaram o desenho desse tipo de edifícios [como o Liceu Camões e o Liceu Pedro Nunes], e também duas escolas primárias, até oferecendo os projetos, como no caso de Salvaterra de Magos na sequência de umas cheias”, descreve Ana Isabel Ribeiro.

No local onde podia ter nascido o Técnico, acabariam por surgir, já nos anos 40, os Jardins do Palácio de São Bento. Quanto ao Técnico, veria o seu edifício erguer-se na Alameda, construído entre 1928 e 1935, num projeto então desenhado pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro (ouvir Episódio 19: A 1.ª Imagem do Técnico).

 

Episódio 92: O ampliador de fotografia

sexta, abril 28th, 2023

O ampliador de fotografia do Núcleo de Arte Fotográfica do Técnico (NAF) ajuda-nos a reconhecer com maior detalhe os mais de 70 anos de história daquela que é a secção autónoma mais antiga da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico. O objeto, seguramente com cinco décadas de existência, foi usado por várias gerações de estudantes do Técnico e também pela comunidade da cidade, a quem o laboratório de fotografia analógica do NAF se abre. “Acho que ainda o vi no laboratório… é muito antigo, tem mais de 50 anos de certeza”, diz Carlos Miguel Fernandes, investigador no Instituto Superior Técnico e colaborador do Núcleo há cerca de 30 anos. No entanto, garante: “Nos ampliadores não houve uma evolução muito grande. Aquilo restaurado faz perfeitamente o mesmo que os outros (com a diferença de ser necessário introduzir filtros manualmente). Restaurado, monta-se e amanhã está a ser usado”. O testemunho do objeto faz-se também pela sua estética, que remete para outros tempos. Já Emanuel Moreira, antigo estudante do Técnico e atual diretor de uma empresa da área do software, tem memórias mais específicas sobre o amplificador: “É provável que o tenhamos recuperado. Chegámos a ter nove ampliadores, tentámos recuperá-los a todos. Toda a gente que lá passou usou esse. Depois comprámos lentes melhores… mas sim, de certeza que trabalhei com ele”.
Emanuel Moreira integrou o Núcleo em 1991/92, numa altura que a estrutura recuperava de uma fase menos ativa. “No início dos anos 90 veio uma nova geração de alunos que pegou nisto e deu uma nova dinâmica”, recorda. Já gostava de fotografia e a descoberta de um laboratório de fotografia a preto e branco no Técnico levou-o a juntar o seu nome à história do NAF, núcleo com raízes no início da década de 50. As receitas vinham essencialmente da loja de fotografia e de cursos de fotografia. “Começámos a gostar daquilo, a passar lá muito tempo e às tantas começámos a perceber que fazia sentido pegar. Queríamos fazer exposições e trabalhar em fotografia, tínhamos ali sempre aquele sonho da arte fotográfica. Começámos a melhorar as coisas para podermos ter dinheiro para podermos investir no laboratório para podermos chamar mais pessoas”, recorda.

O grande momento de reconhecimento da importância NAF chegaria em 1993, na ponta de cassetetes. As violentas descargas policiais sobre um grupo de estudantes nas imediações da Assembleia da República, em Lisboa, foram captadas pelas objetivas de vários estudantes do Técnico. “Estivemos lá nos sítios onde as cosias aconteceram. Da primeira vez que houve uma carga policial a sério, tínhamos uma série de pessoas que estavam lá e tiraram fotografias ‘lindíssimas’, no sentido de poderosas”, recorda Emanuel Moreira.
Na altura, esse grupo de estudantes tinha “a mania” de querer ser fotojornalistas e tentou inclusivamente ter acesso a carteiras profissionais. Não era possível. “Então criámos nós próprios os nossos cartões de fotojornalistas para quando fosse preciso passar as barreiras policiais. Às vezes funcionava, outras vezes não”, recorda. Nesse dia de novembro de 1993 funcionou algumas vezes e o acesso deu origem a três dias sem sair do laboratório para revelar fotografias que contassem o que aconteceu. “Conseguimos pôr de novo a luta estudantil na boca do mundo e mostrar que alguma coisa estava mal: quando tem de ser recorrer à violência para calar um conjunto de estudantes há ali qualquer que não está bem”, defende.
O reconhecimento aliava-se à abertura que o NAF sempre teve com a comunidade, através do seu laboratório, caraterística que ainda hoje mantém. “Aquele laboratório era uma coisa impressionante, era provavelmente o único que havia em Lisboa, não pertencente a uma escola específica, aberto ao público. Praticamente era gratuito. Naquela altura tínhamos mais estudantes de fora do Técnico do que propriamente do Técnico”, recorda Emanuel Moreira.
Carlos Miguel Fernandes deixa um conselho a quem, hoje, também quiser utilizar o laboratório: “Tentem. Quem gosta de fotografia, quem já se interesse, que tente a fotografia analógica. Pode parecer limitador, mas permite pensar a fotografia de uma forma que o digital não deixa. O digital, ao ser tão abrangente, tão livre, tem o efeito inverso, limita-nos um pouco todo o potencial que temos em interpretar a imagem e ler a imagem”. mas nem só de fotografia vive o grupo, como testemunha Emanuel Moreira: “Um dia inscrevi-me para ir lá fazer umas brincadeiras, no mesmo dia conheci uma pessoa que é uma das minhas melhores amigas e que me acompanhou a vida toda desde o Técnico”.

Episódio 91: O kit pedagógico de micro-ondas

sexta, abril 21st, 2023

Dentro de uma mala verde estão cabos, peças metálicas, uma lupa e muitas outras peças que podiam passar despercebidas entre a coleção do Museu Faraday, no campus Alameda. Interligadas compõem o kit pedagógico de micro-ondas que, na década de 60 do século passado, serviu de base à experimentação feita no Técnico e foi crucial para o trabalho doutoramento de Francisco Borges da Silva (1934-2021), na área dos amplificadores de sinais.
O kit destinava-se a divulgar junto de estudantes e investigadores as técnicas de micro-ondas, que tiveram grande desenvolvimento, após o fim da 2.ª Guerra Mundial. “Estávamos numa altura em que era importante ter um kit pedagógico para as pessoas nas escolas e universidades se familiarizarem com as aplicações e as propriedades do micro-ondas”, confirma Moisés Piedade, responsável pelo Museu Faraday e professor aposentado do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do Técnico.
O kit pedagógico de micro-ondas do Técnico tem “tudo o que é necessário para fazer as experiências fundamentais em micro-ondas”, desde transmissão, antenas, recetores de micro-ondas, dispositivos atenuadores, cavidades ressonantes, que permitem determinar a frequência do sinal emitido de cerca de 10GHz (os micro-ondas domésticos funcionam à volta de 2GHz). Do trabalho de Francisco Borges da Silva permanecem também no Museu Faraday os emissores e os recetores que o investigador construiu à mão usando as oficinas do Técnico. Após anos de repouso, a busca de peças para a coleção do Museu – onde também pode ser encontrado o kit de eletromagnetismo (ouvir Episódio 54 – O Kit de Electromagnetismo) – deu nova vida ao kit pedagógico de micro-ondas.

Rui Louro, colega de Moisés Piedade enquanto estudante do Técnico e atual colaborador do Museu, ficou com essa missão. “Aqui no Museu calhou-me a mim fazer o modelador de áudio para o sistema de micro-ondas de demonstração que nós temos. Ia olhando para o manual, verificando as experiências possíveis e ia reproduzindo algumas que me interessassem…”, recorda. “Quando o encontrei, parecia novo, estava impecável”, complementa. Nesse trabalho, adicionou o sinal de áudio a partir de um antigo walkman. Esse sinal é transmitido ao longo do feixe, sendo detetado na outra ponta. O som “entrou no amplificador, saindo num altifalante e verificou-se que as coisas funcionavam”.
Funcionalidade bastante diferente daquela para a qual o micro-ondas é usado no dia-a-dia, descoberta um pouco por acidente: “Foi um engenheiro que tinha uma barra de chocolate no bolso e estava em frente ao feeder do micro-ondas e o resultado foi que ele sentiu a barra derreter-lhe no bolso”, explica Rui Louro. A frequência de 2Hz desses aparelhos “é bastante boa para aquecer, faz vibrar as moléculas de tudo o que tem água e, portanto, fazer o aquecimento. Tem uma antena para aquele espaço confinado ao forno de micro-ondas. Esse campo magnético é que faz vibrar as moléculas de tudo o que tenha água e aquecer por atrito”, explica Moisés Piedade.
O kit pedagógico de micro-ondas assume-se como mais um exemplo da importância da experimentação no ensino e na investigação. Um sentimento assim resumido por Moisés Piedade: “Hoje em dia podemos aprender tudo sem fazer nada – eu tenho a informação toda, desde que saiba um bocadinho de matemática e física posso aprender tudo… só que para mim não sei. Eu só sei quando fiz. Uma vez feitas as experiências, eu já me esqueci de tudo, da teoria mas fiquei com os princípios físicos bem solidificados. Para mim sempre foi muito importante numa Escola de Engenharia a vivência da experiência porque essa nunca mais se esquece”.

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